quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Escritos de um Sacudidor #3 - Homossexualidade: Dilema do Mundo Contemporâneo

Quanto mais o tempo passa, maior é nossa convivência com o ideal de liberdade: de fazer o que se gosta, vestir como se quer, amar quem se quiser. Sou completamente a favor desse movimento, o liberalismo, na qual cada um de nós realmente é livre para seguir seus próprios caminhos. Para encontrar a felicidade por meios individuais. Existem muitos elementos contrários a tais mudanças, como algumas religiões pregam, mas, afinal, não há o que se fazer: opinião é opinião. Só o conhecimento e a vivência nos mostrará a verdadeira estrada.

Assim início minha nova criação literária abordando um tema polêmico, que envolve questões sociais, psicológicas, etc. A homossexualidade é uma das 4 sexualidades existentes atualmente. As outras são a bissexualidade (atração pelos dois gêneros), heterossexualidade (atração pelo gênero oposto) e a assexualidade (atração nula pelos gêneros). Consiste na atração (sexual, afetiva e romântica) por pessoas do mesmo sexo. Mulheres que gostam de mulheres são chamadas de lésbicas e homens que se sentem atraídos por homens, gays. Acho essas denominações vulgares, então prefiro 'homossexuais'. Você que está lendo, provavelmente têm algum amigo nessa condição, já que, aproximadamente 22% da população mundial apresenta algum grau de tendência homossexual.



É necessário desmitificar a crença no homossexual  (no caso masculino)como sendo alguém 'afeminado', 'educado', 'higiênico' e 'promíscuo', e 'masculina', 'forte' e 'agressiva' (no caso feminino), mesmo que não tenham exatamente todas essas características. Alguns podem tê-las sim, mas isso não é motivo de se agir com menor ou maior respeito a eles, nem define sexualidade.  Existem homens normais, que gostam de jogar futebol, são brincalhões e agem como homens normalmente são, que tem tal desejo pelo mesmo sexo, assim como existem mulheres que são tão femininas quanto as heterossexuais. Além disso, homossexuais não diferem em absolutamente nada das pessoas heterossexuais, apenas no que se refere a orientação sexual. De resto, sofrem dos mesmo problemas, podem criar filhos sem transmitirem problemas psicológicos aos filhos, etc. Apenas enfrentam dificuldades no que se refere ao preconceito. A OMS, a Associação Americana de Psiquiatria, e outros, consideram a homossexualidade uma mera variante da sexualidade humana, algo benéfico, e não uma doença, perversão, ou distúrbio.

Sabiam que a homossexualidade também existe na natureza? Sim, eu também fiquei ''WHAT'S?!'' mas é a realidade. As mais diversas espécies, desde golfinhos até vermes mostraram tal tendência. E na natureza, não existe apenas o sexo reprodutivo, mas a busca pelo prazer. Assim, observamos que tal instinto é onipresente as espécies animais em nosso planeta.

Definir a causa da homossexualidade é algo obtuso. Dizem que pode ser algo genético, ou consequência de fatores como um pai ausente, uma mãe dominadora, ou mesmo devido a um histórico de abuso sexual. Mas ainda é difícil definir se alguém será ou não homossexual. Não existem estudos que comprovem tal fenômenos. Existem meninas muito masculinizadas, que brincam como eles, se vestem como eles, ou garotos muito afeminados, que brincam somente com meninas, etc., que, mesmo tendo essa tendência, não significa que serão homossexuais no futuro. Além disso, quem tem algum tipo de relação sexual com alguém do mesmo sexo, não significa que seja 'gay' (só usei tal termo para evitar a constante repetição de 'homossexual'). Aliás, é normal e até saudável tentar se descobrir através de várias maneiras, e ter uma relação com alguém 'igual' a você é uma delas. A adolescência, por exemplo, traz muita insegurança e conflitos em sobre isso, então, experimentar para se firmar é benigno.





Imagino que a cultura influencie bastante nesse panorama. Por exemplo, na época da Grécia Antiga, a homossexualidade era considerada algo normal e bastante aceito. Já na Idade Média, com as ideias da Igreja, era um pecado mortal, que se pagava com a vida. Mesmo hoje, alguns países ainda aplicam a pena de morte diante da homossexualidade. Felizmente, isso vem mudando hoje em dia. A população da Espanha, por exemplo, um país majoritariamente católico (a religião, geralmente, mais contrária a homossexualidade), tem 88% da população a favor da homossexualidade.






A forma mais grave de preconceito contra os homossexuais é a homofobia, que é a radicalização do ódio contra pessoas que sentem atração pelo mesmo sexo. O engraçado, é que foi feita uma pesquisa, na qual pessoas se 'auto encaixavam' numa escala de 1 a 10 (1 para extremamente gays e 10 para héteros inquestionáveis). Então, eles mostravam fotos de casais homossexuais e heterossexuais junto com a palavra 'eu' e 'outro' (esses últimos em milésimos de segundo). Assim, o cérebro associava a palavra subliminarmente. Por exemplo, se você for hétero, seu cérebro associa mais rapidamente a palavra 'eu' com o casal heterossexual. Porém, se aparecer a palavra 'eu' no casal homossexual, a associação demorará mais. E aí a verdade apareceu: as pessoas que deram 10 a si mesmas na escala, geralmente, demoravam para associar 'outro' com o casal homossexual, ou seja, o 'eu' era associado mais rapidamente. Isso ocorre devido a um sentimento de internalização, ou seja, a pessoa tem medo de expor seus sentimentos por pessoas do mesmo sexo e agem como homofóbicas numa tentativa de sanar seu sofrimento.

Muitas religiões posicionam-se sobre a homossexualidade. Algumas condenam, como o cristianismo, catolicismo, o judaísmo, etc., e outros aceitam bem, como o budismo, espiritismo, entre outros. Felizmente, estão surgindo pessoas dentro dessas religiões contrárias que aceitam bem essa condição, muitas vezes, criando novas correntes religiosas mais liberais e abertas (como no caso do judaísmo progressista). Independente das suas crenças, é bom ter liberdade de se acreditar no que mais encaixa em seu coração. O Espiritismo (minha religião), não condena, nem aprova, mas mantenho minha própria visão da homossexualidade como algo normal, benéfico, e chego a dizer, bonito atualmente. É maravilhoso ver tantas pessoas procurarem sua felicidade, mesmo que seja disforme dos padrões atuais. Ficamos escravos por muito tempo da ignorância e preconceito, e agora que, as almas estão ganhando suas alforrias, veremos um mundo mais colorido!





segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Conflitos no Oriente Médio e Semana da Paz (parte 1)

Olá gente, tudo bom? Se vocês viram as notícias na TV e internet, sabem acerca dos conflitos na Síria, a questão das armas químicas e a declaração do Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em atacar o país. Então comecei a pensar há quanto tempo tais embates ocorrem na região do Oriente Médio, e resolvi pesquisar para conhecer mais do tema, e vi o quanto está envolvido nessas guerras. Como sei que é algo que muita gente se vê aturdida, decidi fazer postagens desses conflitos e criar a Semana da Paz, na qual colocarei textos, playlists, crônicas, poemas, etc., relacionados ao assunto. Sei que sou apenas uma pessoa, mas essa é minha forma de mediar e pedir a tão sonhada paz. Ah, provavelmente não postarei todo dia durante uma semana, afinal, não tenho tenho tanto tempo hábil para isso. Mas não encontrei um nome mais adequado e achei bem bonito esse título: 'Semana da Paz'. É bem altivo não acham? Bom, chega de devaneios. Vamos aos estudos!

Conflito entre israelenses e palestinos

Para compreender tais conflitos, é necessário antes entender alguns conceitos. Estado-nação se refere a um território delimitado onde a cultura é quase homogênea, ou seja, ela é igual ou parecida em toda a região. Há poucas ou nenhuma minoria étnica, além da emigração ou imigração serem quase nulas. A política no país, ou seja, seu governo, é fruto desses aspectos sociais e culturais. Eles são bem antigos, como por exemplo, Portugal, fundado em 1143. Mesmo com heranças de vários povos, como germânicos, romanos, hebreus, etc., a cultura local se fundiu em uma só. Nas Américas, esse conceito se fez presente nas independências que ocorreram, porque a cultura local, o povo, e seu território, geraram uma nação, que tinha interesses e ideais próprios, ou seja, uma identidade, fato que influenciou, e muito, na questão das emancipações. Na Europa, foi importante na geração dos países. Quando a época da Idade Média passou, o feudalismo decaiu, e as monarquias começaram a se formar, os territórios começaram a ser delimitados, e efetivamente, a formação de nações e países se iniciou.


'Território' pode ser definido como um determinado espaço em que um Estado exerce sua soberania e poder. 'Identidade nacional' se refere a um conjunto de características que determinado grupo carrega. 'Governo' é a autoridade máxima do Estado, que cuida da política regional. Ter tudo isso bem demarcado é determinante para evitar instabilidades políticas, já que um país ou região, necessita suas características próprias e um governo bem estruturado dentro de um território. Tudo o que o Oriente parece não ter. As brigas por áreas são constantes, a cultura, embora bem diferenciada entre dois grupos, se confunde muitas vezes por ideais conflitantes, além de existir vários grupos que buscam, constantemente, o controle sobre os governos.

Representação dos elementos que formam o Estado-Nação
Estado laico (ou estado secular) é o Estado que não tem uma religião oficial, ou seja, expressa que sua população tem liberdade de escolha, podendo ter alguma fé ou descrença religiosa. Nesse caso, religião alguma deve interferir nas questões do governo. O contrário desse conceito é a teocracia (ou Estado Teocrático) onde o governo tem uma religião oficial que interfere diretamente nos assuntos políticos.

Estado laico é separado da religião. No Brasil, embora ele seja considerado laico, a religião católica, evidentemente, tem privilégios.

Principais conflitos

Guerra de 1948: O Plano de Partilha da ONU, visava a criação de dois estados: um judeu (55% do território) e outro palestino (45% do território). A proposta foi rejeitada pelos árabes, mas foi aprovada pela Organização, com o apoio da União Soviética e dos Estados Unidos. Criar um estado para os judeus era uma espécie de 'pagamento' devido ao horrores do nazismo, ou seja, necessariamente, a intenção em si (apesar disso não existir na política) era boa. Mas e os milhões de palestinos que viviam naquela região? Foram expulsos, se refugiando em outras regiões. Vários países não aceitaram tal acordo, feito sem consulta a população da região, e atacaram Israel, com o objetivo de destruir o novo estado. Israel vence e expande seu território até 75% da Palestina. De um lado, a independência de Israel é aclamada como um feito incrível para o povo judeu, mas por outro, palestinos se referem a data como o al-Nakba, 'A Catástrofe'.


 




Guerra de 1956 (Guerra de Suez): Tal conflito ocorreu devido ao interesse de França, Inglaterra e Israel na região do Egito onde fica o Canal de Suez, que tem grande importância comercial por ligara Europa e Ásia. Na época da Guerra Fria, União Soviética (socialista), rivalizava com Estados Unidos (capitalista) e para conseguir apoio, incentivou mudanças na política do Egito, como a nacionalização do porto de Suez. Com interesses atingidos, França, Inglaterra e Israel atacaram o Egito e bloquearam o porto. O aliado dos egípcios ameaçou atacar, então Estados Unidos e Nações Unidas pressionaram uma retirada, que foi logo atendida.



Guerra de 1967 (Guerra dos Seis Dias): Essa guerra envolveu Israel e vários países árabes, como Síria, Egito, Jordânia, etc. O estado judeu lançou um ataque preventivo contra as forças aéreas egípcias, que estavam ainda no solo, destruindo-as completamente. Começaram a avançar pelo solo conquistando várias regiões como Faixa de Gaza e Colinas de Golã. Jordânia entra na briga atacando Jerusalém, e, em retaliação, Israel toma grande parte do território jordano. A guerra terminou com um grande aumento no número de refugiados, e com o tamanho do estado israelense quadruplicado em comparação a 1948.

Guerra de 1973 (Yom Kippur): Tem esse nome porque aconteceu no feriado judaico do Yom Kippur, o 'dia do perdão'. Nessa data, Egito e Síria organizaram um enorme ataque surpresa contra Israel, com o objetivo de retomar as regiões perdidas na Guerra de 1967. Com a surpresa, árabes ficaram com a vantagem no início e conquistaram algumas regiões, porém, o exército israelense conseguiu se organizar, enfrentando os inimigos e conseguindo vencê-los. Como consequências, Egito se afastou da influência soviética, e houve a crise do petróleo, já que vários países se recusaram a vender o produto a países aliados de Israel. Isso proporcionou a criação de novos meios de energia.

Primavera árabe: No Oriente Médio, iniciou-se um movimento democrático chamado de Primavera Árabe, constituído de protestos e revoltas de grandes proporções contra os governos autoritários e repressores, corrupção, más condições de vida, tentativas de censuras na internet, desemprego e aumento do preço dos alimentos. Seu estopim foi na Tunísia, e, com a ajuda da internet e meios de comunicação, logo se espalhou por toda região. Vários regimes caíram e outros ainda lutam para manter o poder. O processo de globalização é essencial nesse processo, já que os meios de comunicação permitiram que ideias viessem do Ocidente e influenciassem as revoltas. Além disso, as redes sociais são os principais 'pontos de encontro' entre os protestantes. O movimento continua ativo atualmente.



(Infográfico bem explicado sobre a Primavera Árabe: http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/jogos-multimidia/infografico-primavera-arabe-743910.shtml)

Intifada (1987 e 2000) : Movimento de revolta feito por palestinos devido as más condições de vida e a ocupação militar de Israel na Faixa de Gaza e Cisjordânia. Ocorreram 2 Intifadas, uma em 1987 e outra em 2000. Como retaliação, as Forças de Defesa de Israel, muitas vezes, prendiam milhares de pessoas, incluindo crianças, além de destruir casas de famílias na Palestina. Rachel Corrie, em 2000, uma ativista dos Direitos Humanos, acabou sendo morta, esmagada por uma retroescavadeira enquanto protestava contra as demolições. 

Atualmente, a região ainda se vê rodeada de conflitos e rivalidades. A mais atual é sobre o ataque químico na Síria, que deixou milhares de mortos, incluindo crianças. Rússia acredita que possa ter sido uma 'provocação' dos rebeldes. Já Estados Unidos não tem dúvidas que o culpado é o governo. Atentados, espionagem, desconfiança: esse é o dia a dia no Oriente Médio.

Líderes dos conflitos:




Yasser Arafat: (1929-2004) foi o presidente da OLP-Organização para a Libertação da Palestina e líder da Autoridade Palestina. Também foi líder do Fatah, uma facção da OLP. Estudou Engenharia e, em 1956, criou a Al Fatah, uma organização que faz parte da Organização pela Libertação da Palestina, que, embora tenha se envolvido em conflitos violentos, é menos radical que o Hamas, sendo assim, não é considerada uma organização terrorista. Tornou-se presidente da OLP e da Autoridade Palestina em 1966. Assinou o famoso tratado de paz com o 1°ministro israelense, Yitzhak Rabin. Morreu em 2004, de falência múltipla dos órgãos, porém, pode ter sido envenenado pelos serviços secretos israelenses, com material radioativo.







Yitzhak Rabin: (1922-1995) nasceu em Jerusalém e se mudou para Tel Aviv um ano depois. Quando o pai morreu, teve que trabalhar cedo para sustentar a família. Casou-se em 1948, e tornou-se embaixador dos Estados Unidos entre 1968 e 1973. Entre 1985 e 1990, era Ministro da Defesa, e em 1978, na primeira Intifada, recebeu o apelido de 'quebra-ossos' por dar a ordem para que os soldados quebrassem os ossos dos rebeldes. Recebeu o Nobel da Paz em 1994, pelo tratado de paz com os palestinos, sendo assassinado um ano depois, por um judeu.







Ariel Sharon: Nasceu no Mandato Britânico da Palestina, em 1927 (Época em que a região era controlada pelo Reino Unido). Desde cedo, fez parte de organizações militares e políticas, lutando inicialmente como soldado, para depois ser promovido a comandante e oficial de inteligência. Estudou, em 1951, História e Cultura do Oriente Médio na Universidade de Jerusalém, e depois retornou ao trabalho, como major da Unidade 101, a primeira das forças especiais israelenses.  Foi primeiro ministro de Israel entre 2001 e 2006. No seu comando, enfrentou duramente os palestinos, muitas vezes, atacando civis. Desde 2006 encontra-se em estado vegetativo devido a um AVC.